partículas de folhas secas
despencam sobre mim
raspam meus olhos
esfolam minha pele
{s u a v e m e n t e}
estou submersa
em um campo árido.
pego uma caixa preta de porcelana
fino material delicado. . .
. . .recolho as partículas. . .
nas palmas de minhas mãos
os fragmentos secos das folhas se mesclam
ao sangue fino que escorre dos micro cortes internos.
nesse misto de vermelho e marrom
uma fina pasta se faz
de algo seco desprovido de vida
regado do mais fresco sangue quente.
recolho
tudo na
caixa preta
de porcelana.
algumas poucas tantas lágrimas
e com fibra de vidro
cubro
a caixa preta
de porcelana.
enterro-a
piso com pés descalços
firmando a terra sobre
a caixa preta
de porcelana
coberta por fibra de vidro
enterro-a sem ar
me deito sobre a terra úmida
espero
reflorescer-me.