27 de out. de 2011

o sorriso


em seus lábios nascia
o desenho destilado
de uma alegria tardia
de um beijo dissimulado.

4 de out. de 2011


partículas de folhas secas
despencam sobre mim
raspam meus olhos
esfolam minha pele
{s u a v e m e n t e}
estou submersa
em um campo árido.

pego uma caixa preta de porcelana
fino material delicado. . .

. . .recolho as partículas. . .

nas palmas de minhas mãos
os fragmentos secos das folhas se mesclam
ao sangue fino que escorre dos micro cortes internos.

nesse misto de vermelho e marrom
uma fina pasta se faz
de algo seco desprovido de vida
regado do mais fresco sangue quente.

recolho 
tudo na
caixa preta
de porcelana.

algumas poucas tantas lágrimas
e com fibra de vidro
cubro 
a caixa preta 
de porcelana.

enterro-a

piso com pés descalços
firmando a terra sobre 
a caixa preta
de porcelana
coberta por fibra de vidro

enterro-a sem ar

me deito sobre a terra úmida 

espero

 reflorescer-me.