anAe seus equívocos . . Fila. Sala cheia. Feriado de carnaval e o cinema lotado, como compreender esse absurdo moderno? Na última fileira anAavistou, quase no meio, a poltrona que lhe espera. Avistou também todas as pernas, todos os pés, o caminho que lhe separava de sua poltrona; sua tão esperada, tão desejada poltrona. Com graciozidade passa pela constrangedora situação de pedir licença, por favor, pisar no pé de alguém, desculpa, perguntar se a poltrona está vazia (mesmo vendo que ali não há ninguém). Senta! Se acomoda, os preparativos habituais: desliga os celulares (são 2), veste o óculos de grau, pega a blusa de frio, põe a mochila no chão. R E S P I R A ! Olha para a sua frente. Passam 3 crônometrados minutos e anAconstata: "não gostei do lugar"... Olha à direita à esquerda, um mar de pernas, pessoas gordas, pipocas, refrigerantes, sente-se a desgraçada em situação! Suas mãos ficam de imediato geladas, molhadas; o suor frio, tenso... A mente lhe impõe a questão crucial: Devo sacrificar o meu filme para evitar o constrangimento de mudar de lugar? Em um suspiro acompanhado de um riso nervoso, tímido, gracioso, anA pergunta para o cara ao seu lado: "Vai ser muito engraçado se eu trocar de lugar?" .
Em seus equívocosanA foi ao médico. . . O Motivo? Inflamou-se no corAÇÃO.
- Há remédio, doutor?
- Para uma inflamAÇÃO só mesmo um inflar (da) ação. Aciona-se por meio de pilula colorida o pulsar do corAÇÃO, paraliza-o e te eleva aos sonnhos mais sublimes e ternos.
- E depois, doutor?
- Depois? Normalmente não existe depois. São raros os casos de sobreviventes ao inflamar-se do corAÇÃO.
Preferiu a n A ficar na inflamAÇÃO.
Saiu do consultório, passou na farmácia, (comprou uma caixinha de lenços Softy's), e foi ao cinema.