.

coçava 
o olho 
do sonho
que resistia fechar-se no sono


.

con té m que m e am a

.

falo 

sobre 

o abs trato 

penso  

sobre 

impos sibil idade

rascunho 

sobre 

tent a tivas  

n 

A 

d 

A 

pare        ce

pre encher  

o que  

n 

à

o 

de  ver  ria 

con        ter 

es    p    aço  

contém quem ama 

conte que me ama

.

.

sem alimento
como se estivesse

por dias seguidos

em jejum

é a dor 

de não estar com você

meu alento

.

.

ps.

teamo, palavra que roça o céu da boca

.

para-briga

.

se não ligar o para-brisa

cada minúsculo pontinho

embaça

e vai

embaçando

em  ba   ça  n   do

e  m  b  aç   a   nd  o

e             m

m                   b

b                                   a

a                    ç

ç                                 a

a          n

n                                  d

d               o

o                                            a   visão

até não enxergar .              .            .

                                 nitidamente

/ / é preciso ligar o para-brisa / /

                                          você ou eu?

oh, coruja

adjetivo noturno
se não calas, não durmo!

ps.

a morte

tão necessária
quanto inevitável

.

.

o corpo escolhe

um lugar pra doer.

dissimula uma dor

impossível de saber...

qual origem supor?

         dói garganta

tem dor de morder

               dói boca

    te dor de comer

            dói cabeça

     tem dor de fudê

     o corpo se ocupa dessa dor de doer,

que de coração é melhor desaperceber

.

quando a atriz volta para casa

.

quantas palavras cabem em um

c.ORAÇÃO

COR.AÇÃO

co.RAÇÃO

COuRAÇA.O

CO.RAÇA.O

          quando meu corpo não me pertence

          é de um catinho de silêncio

                                         preciso
          que pacifica o c.o.r.a.ç.ã.o

.

.



























.

.

.

curva  s i n u o s a

o ônibus no balanço
da saia que sobe

a pequena mia

pro sol que ilumina
sua insônia felina

ps.
e que o sorriso deforme o rosto 
para que a alegria sincera encontre sua estampa 

.

na capa das revistas

gatas e cachorras,

será que mordem?

física

.

.

cadê o pErsonagEm

desse poema   q u e,

sem sujeito,

discorre na busca

de alguÉm     q u e

preencha

cada palavra    q u e

determine a vida

desse poema   q u e,    

                       [ainda]

sem um responsável,

não sustenta uma

          palavra  q u e

          sig nifi   q u e

  algo alem de

                vocabulário

                de

                dicionário

                         q u e 

                o menino consulta para acertar na prova

                de

                portu q u e s.

.

.

               o mosquito

                  no vácuo

      da lata de tomate

                     fechado

              em conserva

         tempera o caldo

               do macarrão

deixando em parafuso
         a tia Margarette!

.

.

--> 

um celular toca

o dono ignora

toca Cartola

no ouvido que chora

.

.

ruídos fatais

           a gata deseja

           o pássaro distraído

.

.

.

acaso inadequado

sol   com    chuva

um   beijo   suado

.

.

do aquário à bacia

o peixe em apneia

           não inspira

.

.

cantando seu grito

o bem-te-vi

devasta a cidade

gritando seu canto

.

.

-->

espirro de chuva

          no  climatempo de hoje

                        faz sol

.

-->

pôr do sol

que expurga pólen amarelo

suspiro de girassol

farsa em 3 atos contra paixão

prólogo

ela,

no centro da situ.ação,

decidiu-se de antemão.

1º ATO

me en.cantei pela possibilidade

im.pulso curioso

des.vendar

penetrar-lhe pelo olhar entrar.

2º ATO

fui correta,

não me apaixonei.

era situacional

não podia se apaixonar,

a situação externa não lhe permitia...

tudo simples

resolvido, estava:

a entrega do momento

bastava.

3º ATO

me iludi

acre.ditou na ilusória de.cisão...

e se escolhe apaixonar?

epílogo

hoje, não passa hora sem que me atravesse os sentidos

a memória do teu cheiro do teu toque

é

o

fim

(cai o pano)

observanas cotidiações VII

-->

passarinhos desfilam na minha janela

e essa gata não ousa levantar

da minha blusa de flanela

existe uma garotinha

ela caminha,

a terra umedece
com a expansão de seu medo,

as árvores encolhem a garotinha

na sombra de sua incerteza.

ela adentra

a floresta de seu medo,

tornando-se pequenina, frágil.

ela insiste
em passos trêmulos de coragem,

curiosidade infantil

de buscar o que está além dela mesma.